Binário Armada é um artista brasileiro, nascido em 1979, que, de maneira contemporânea, produz cenários e personagens oníricos que trazem para o mundo moderno um chamado ancestral.
Indígena autodeclarado, atualmente vivendo em contexto urbano (nascido em Fortaleza, porém radicado na megalópole de São Paulo desde 2006), Binário Armada sofreu um profundo processo de apagamento de suas raízes históricas e ancestrais, situação que se confunde com a própria história do povo originário brasileiro desde o início da colonização. Em suas obras, Binário Armada denuncia sutilmente os direitos negados pelo colonialismo, a tentativa de eliminação das crenças e lendas, buscando recriar o que seriam sua tribo e seus ancestrais, da maneira como foram contados através das histórias que ouviu de sua mãe e tias.
Sua narrativa transpassa a ancestralidade e nos faz refletir também sobre a grande ligação indígena com a terra, com a aldeia, sobre a constante busca para sentir-se em casa. Assim surgem alguns elementos essenciais de seus trabalhos, como os “Aba-ocas”, em livre tradução do tupi-guarani “Homem-casa” (personagens com cabeças de casa). O místico e as lendas também estão representados em suas obras pelos “Encantados”, os quais são personagens com aparência antropozoomórfica. Sendo também músico profissional, Binário Armada traz para o papel a música, as danças e personagens que invocam a ancestralidade e os elementos da natureza através de seus rituais.
Outro componente das obras de Binário Armada é o Códex Mokōî Ygarussu, uma escrita imaginária criada pelo artista. Como processo para preencher as lacunas do seu passado, o artista, que sempre teve fascínio por letras, alfabetos de civilizações antigas e símbolos, através da escrita assêmica desenvolveu a sua própria língua, a Îagüarype, em homenagem ao Rio Jaguaribe, que significa “no rio das onças”
Usamos cookies para analisar o tráfego do site e otimizar sua experiência nele. Ao aceitar nosso uso de cookies, seus dados serão agregados com os dados de todos os demais usuários.